Primeira fase do modernismo brasileiro

A primeira fase do modernismo foi iniciada formalmente com a Semana de Arte Moderna, em 1922, e buscava promover uma nova estética nacional, a qual rompesse com a exclusividade dos modelos europeus e valorizasse outros elementos da cultura nacional, como saberes, práticas e linguagem popular.

Esse movimento foi marcado principalmente por seu caráter questionador e irreverente, o qual questionava as estruturas preexistentes e propunha novas formas de fazer literatura. É também conhecido por seu nacionalismo crítico, visto que, ao mesmo tempo que defendia a criação de uma identidade nacional, apontava problemas na sociedade brasileira a fim de propor reflexões e novas formas de pensamento.

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Resumo sobre a primeira fase do modernismo

• O modernismo foi um movimento multiartístico que ocorreu no Brasil durante o século XX.
• A primeira fase do modernismo é chamada de heroica devido ao seu caráter questionador e inovador.
• As principais características dessa fase foram: a ruptura com os modelos tradicionais, a valorização da estética coloquial e popular, e a liberdade de expressão.
• Esse período também ficou conhecido pelo seu nacionalismo crítico.
• As principais obras do período são: Pauliceia desvairada (1922), Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Memórias sentimentais de João Miramar (1924), Macunaíma (1928) e Libertinagem (1930).
• Os principais autores desse movimento foram: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Raul Bopp, Plínio Salgado, Guilherme de Almeida, Antônio de Alcântara Machado, Sérgio Milliet, Paulo Prado.

Características da primeira fase do modernismo brasileiro

O modernismo foi um movimento multiartístico ocorrido, no Brasil, durante o século XX. Didaticamente dividido em três períodos, a primeira fase do modernismo (1922-1930) é também chamada de fase heroica, devido ao seu forte caráter irreverente e questionador, e teve seu início formal na Semana da Arte Moderna (1922), que expôs essas novas produções e chocou boa parte da população da época.

Os artistas desse momento tinham o objetivo principal de construir uma identidade nacional que não valorizasse apenas a influência europeia, mas também das outras matrizes culturais que compõem o país. Dessa forma, buscava-se romper com modelos estéticos e linguísticos, questionando padrões e investindo na experimentação criativa.

As principais características da primeira fase do modernismo são:

• movimento de ruptura com os padrões acadêmicos e tradicionais das artes;
• valorização da experimentação estética e liberdade de expressão;
• valorização da linguagem coloquial e do português "brasileiro";
• nacionalismo crítico;
• construção de identidade cultural brasileira;
• referência e influência das vanguardas europeias: futurismo, dadaísmo, surrealismo e expressionismo.

Contexto histórico da primeira fase do modernismo brasileiro

A primeira fase do modernismo iniciou em 1922, período no qual o Brasil vivia a crise da Primeira República e quando completava 100 anos de independência, fato significativo para os modernistas. Tendo em vista que o movimento propunha uma "libertação" da predominância de valores europeus na cultura brasileira, o centenário da independência reforçava esse símbolo, ao mesmo tempo que servia como "matéria" para a construção literária de um nacionalismo crítico.

Internacionalmente, esse momento foi marcado pelas consequências da Primeira Guerra Mundial, bem como pela ascensão de ideologias e teorias que influenciariam o restante do século XX, como o comunismo, o fascismo, o anarquismo e a psicanálise. Desse modo, era um contexto marcado por uma efervescência sociocultural e por desafios econômicos e políticos.

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Obras da primeira fase do modernismo brasileiro

O modernismo foi um movimento multiartístico que envolveu pintura, literatura e teatro, por exemplo. No campo da escrita, as principais obras da primeira fase do modernismo foram:

• Pauliceia desvairada (1922), de Mário de Andrade;
• Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), de Oswald de Andrade;
• Memórias sentimentais de João Miramar (1924), de Oswald de Andrade;
• Macunaíma (1928), de Mário de Andrade;
• Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira.

Autores da primeira fase do modernismo brasileiro

Segundo Alfredo Bosi, em História concisa da literatura brasileira, alguns dos principais autores do modernismo foram:

• Mário de Andrade;
• Oswald de Andrade;
• Manuel Bandeira;
• Cassiano Ricardo;
• Raul Bopp;
• Plínio Salgado;
• Guilherme de Almeida;
• Antônio de Alcântara Machado;
• Sérgio Milliet;
• Paulo Prado.

Quais foram as três fases do modernismo brasileiro?

O modernismo é didaticamente dividido em três fases, as quais distinguem-se pelas características predominantes em cada uma. São elas:

• Primeira fase ou heroica (1922-1930): marcada principalmente pela ruptura com os modelos tradicionais europeus e pela valorização das linguagens e culturas populares do país.
• Segunda fase ou de amadurecimento (1930-1945): momento caracterizado pela superação da irreverência inicial e pela busca por uma relação mais equilibrada entre a forma e o conteúdo. Recorrência de temáticas sociais em contextos diversos, regionais, marginais e urbanos.
• Terceira fase ou consolidação (pós-1945): etapa de refinamento da estética literária, com diversidade de temas e estilos, surgimento de novas estéticas, como a poesia concreta, e abordagem de questões filosóficas e existenciais.

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Exercícios sobre primeira fase do modernismo brasileiro

1.  Leia o poema abaixo e responda ao que se pede.

Poética (1922)

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.

— Não quero saber do lirismo que não é libertação.

O texto de autoria do poeta Manuel Bandeira expressa características fundamentais para a primeira fase dos modernistas brasileiros, pois:

a) mantém o uso da poesia como elemento estético tradicional, reiterando as formas clássicas como modelo ideal de literatura.

b) inova ao fazer referência a autores clássicos como Shakespeare na sua poesia popular.

c) utiliza o uso de rimas raras e versos decassílabos para construir um lirismo popular, marcado pela oralidade.

d) reivindica uma poética que rompa comportamentos estabelecidos socialmente como modelos, demonstrando uma natureza rebelde.

Comentário: Letra D. No poema da questão, Manuel Bandeira rejeita o lirismo que esteja dentro dos padrões estabelecidos por meio da metáfora do “funcionário público”, por exemplo, e defende uma poética livre, ou seja, criativa, inovadora, não apenas reprodutora. Esses aspectos atribuem um caráter irreverente ao poema e corroboram os principais valores da primeira fase do modernismo no Brasil.

2. (Enem)

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Gráfica, 2012.

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem

a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.

b) forma clássica da construção poética brasileira.

c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.

e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

Comentário: Letra A. No poema, o eu lírico utiliza setas que direcionam a informações explicativas que auxiliam no entendimento, facilitando a compreensão do posicionamento crítico expresso no poema. 

Fonte

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 49. ed. São Paulo: Cultrix, 2016.